sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Ofício de amor

"Se conheces o prazer, não escatimes o beijo
pois o prazer de amar não comporta medida.
Deixa-te beijar e beija tu depois,
que nos lábios sempre é onde o amor perdura.

Não beijes, não, como o escravo e o crente,
mas como o viandante à fonte oferecida.
Deixa-te beijar - ardente sacrifício -
quanto mais queima mais fiel é o beijo.

Que terias feito se tu morresses antes,
sem mais fruto do que a aragem no rosto?
Deixa-te beijar, e no peito, nas mãos
- amante ou amada - a taça muito alta.

Quando beijes, bebe, o copo sare o medo:
beija no pescoço, o sítio mais formoso.
Deixa-te beijar, e se ainda te apetece
beija de novo, pois a vida é contada."


Jean Salvat-Papasseit
poeta da Catalunha (1894-1924)
Trad.:João Bento

domingo, 21 de fevereiro de 2010

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Modo de amar – II

"Por-me-ás de borco,
assim inclinada…

a nuca a descoberto,
o corpo em movimento…

a testa a tocar
a almofada,
que os cabelos afloram,
tempo a tempo…

Por-me-ás de borco;
Digo:
ajoelhada…

as pernas longas
firmadas no lençol…

e não há nada, meu amor,
já nada, que não façamos como quem consome…

(Por-me-ás de borco,
assim inclinada…

os meus seios pendentes
nas tuas mãos fechadas.)"


Maria Teresa Horta
in Poesia Erótica

Modo de amar – I

"Lambe-me os seios
desmancha-me a loucura

usa-me as coxas
devasta-me o umbigo

abre-me as pernas
põe-nas nos teus ombros

e lentamente faz o que te digo..."


MARIA TEREZA HORTA
in Poesia Erótica

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

MEU AMOR

Meu amor, amor meu
Ofereço-te a alma
Como ao Diabo se oferece
Em bandeja de prata
Óleo de tanta transpiração
Juntos
Transpiração incandescente
De fricção de corpos
Eléctrica
Impaciente
Todo o amor se faz
Com Amor
Sem Amor se desfaz
Amor Amor
Amor fervente mesmo antes
Desamor
Como nos daremos
Se nos dermos
Pouco?
Onde nos demos
Que não te pressinto ou sinto?

Luís Adriano Carlos

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Mais que o teu corpo

"Mais que o teu corpo quero o teu pudor
Quero o destino e a alma e quero a estrela
E quero o teu prazer e a tua dor
O crepúsculo e a aurora e a caravela
Para o amor que fica além do amor.

A alegria e o desastre e o não sei quê
De que fala Camões e é como a água
Que dos dedos se escapa e só se vê
Quando o prazer se torna quase mágoa.

Estar em ti como quem de si se parte
E assim se entrega e dando não se dá
Quero perder-me em ti e quero achar-te
Como num corpo o corpo que não há."


Manuel Alegre