domingo, 1 de junho de 2014

Dias há para perceber o fundo do poço


Dias há para perceber o fundo do poço, 
a sede dos dias que se afundam, 
não se percebem. 

E o fundo do poço percebe-se 
que seja sede de dias. 
 
De alturas antigas 
que viajam em vertigem. 
 
Viajam nos nossos filhos, 
e na luz que nos protege 
da sede. 
 
A luz que descobre o fundo 
dos poços. 

A vertigem da descoberta 
abre-nos a boca timidamente 
e mata-nos a sede 
dia-a-dia, 

como se de um suave amor
incondicional
se tratasse. 

 Nuno Travanca

Poema de Amor


No amor, regras que contem,
Há uma só que não é vã
Amar hoje mais do que ontem
Mas bem menos do que amanhã

E eu num fado que isso guarde
Também acrescentaria
Amo-te mais cada tarde
Do que amei nascendo o dia.

E cada vez muito mais
Do que antes, mas tais requintes
São muito menos, ver vais
Do que nos dias seguintes

Com resultados tão plenos
Como somar dois e dois:
Muito mais e muito menos
Conforme "antes" e "depois"

No amor, regras que contem
Há uma só que não é vã:
Amar hoje mais do que ontem
Mas bem menos que amanhã.

(Vasco da Graça Moura)